Pular para o conteúdo principal

Dia Mundial da Conscientização do Autismo: Livros Essenciais nas Bibliotecas de São Paulo

Documentário inédito expõe paradoxo social do Caboclo de Lança nos Maracatus de Pernambuco

Produção examina personagem famoso por seu misticismo no folclore nacional e por sua popularidade na região da Zona da Mata


O Caboclo de Lança é uma figura mística e tradicional da cultura brasileira. Durante o carnaval, cortadores de cana da Zona da Mata, em Pernambuco, se vestem com cores vibrantes, empunham suas lanças e, no ritmo dos maracatus, festejam pelas ruas da região. Instigada a narrar a história da tradição folclórica dessa festividade, a diretora Andrea Marranquiel, com produção de Marcelo Braga, da Santa Rita Filmes, realizou o documentário Carnaval do Silêncio, que estreia no SescTV no dia 10/2sábado, às 22h. (Assista também no site sesctv.org.br/aovivo).
 
A produção acompanhou os maracatus Cambinda Brasileira, Leão Dourado e Pavão Misterioso de Tracunhaem, todos localizados na Zona da Mata (PE). A tensão entre as ideias de som e silêncio, presente no título do documentário, se explica na situação paradoxal vivida pelos protagonistas da festa, os canavieiros: durante todo o ano, os homens extravagantes no carnaval suportam, calados, a exaustão nas plantações de cana. Apenas no maracatu eles comemoram a condição de caboclo. “A função do maracatu é fazer com que o remanescente de escravo do canavial, em alguns dias, brilhe mais que qualquer usineiro do Brasil’, conta o artista plástico Miguel dos Santos.
 
A história da festa mostra o caráter híbrido da cultura brasileira com a raiz africana, indígena, portuguesa e cigana, compondo uma expressão única. O historiador Severino Vicente da Silva explica a origem da ascendência africana. “Os antigos escravos não tinham como se divertir. Com a abolição, eles começaram a encontrar formas.  E uma delas é o Caboclo de Lança”. Severino ainda acrescenta que, nessa época, os rituais eram menos lúdicos e mais violentos, posta a rivalidade entre as tribos. Os setenta metros de fita enrolados na vara dos caboclos é prova disso. “Diziam que cada fita daquela seria um caboclo que eles teriam matado”, explica o historiador.
 
Contudo, há delicadeza na costura e bordado das roupas do Maracatu, feitas pelos próprios caboclos, e no símbolo simples do cravo branco pendurado à boca. Os caboclos gostam da beleza e simbolismo da flor, mas Severino diz que o cravo é um signo mais profundo. “É um segredo, que só o caboclo sabe”.
 
O historiador ainda defende que a tradição do caboclo seja reconhecida como um símbolo nacional. “A gente tem que se acostumar que o povo brasileiro é capaz de criar seus próprios arquétipos. Nós temos uma mitologia”, protesta. Ele entende que o caboclo pode assimilar até as tendências da tecnologia moderna, mas ele não perderá sua essência. “O mistério permanece”, finaliza.
 
Serviço:
 
Documentário
Carnaval do Silêncio
Estreia: 10/2, sábado, às 22h
Reapresentação: 15/02, quinta, às 24h
Direção: Andrea Pilar Marranquiel
Duração: 61 min.
Classificação indicativa: Livre
 
 
CARNAVAL 2018
 
Além do documentário Carnaval do Silêncio, o SescTV exibe seis produções que abordam tradições, lugares e ritmos de uma das festas mais populares do Brasil.
 
Música: Tias Baianas Paulistas.
Integrantes das alas de baianas de escolas de samba paulistanas cantam clássicos e novidades do samba. Direção: Coi Belluzzo. Classificação indicativa: Livre. Dia 5/2, às 19h.
 
DocumentárioFamília Diniz.
A trajetória do compositor, cantor e músico Hildemar Diniz, mais conhecido como Monarco. Direção: Marcelo Amiky. Classificação indicativa: Livre. Dia 9/2, às 23h.
 
Música: Chiquinha em Revista: Um Tributo a Chiquinha Gonzaga.
A vida e obra da compositora e maestrina é relembrada e cantada por intérpretes apaixonados por suas músicas. Direção: Juliana Borges. Classificação indicativa: Livre. Dia 10/2, às 10h.
 
Comunas do Samba: Cupinzeiro e Amélia Rabelo.
O choro, as toadas e a valsa brasileira se unem ao ritmo do samba de roda, em apresentação realizada no Núcleo de Samba Cupinzeiro. Direção: Coi Belluzzo. Classificação indicativa: Livre. Dia 12/2, às 19h.
 
Temporal: O Choro da Cuíca.
Diferentes gerações de sambistas, homenageiam os participantes da Velha Guarda de escolas de São Paulo. Direção: Kiko Goifman e Olivia Brenga. Classificação indicativa: 10 anos. Dia 13/2, às 23h.
 
Estilhaços: Alegorias e Estresse nas Avenidas.
Uma reflexão sobre os princípios que regem a atuação de operadores de trânsito da Companhia de Engenharia de Trânsito de São Paulo (CET) e dos carnavalescos das escolas de samba paulistanas. Direção: Kiko Goifman. Classificação indicativa: 10 anos. Dia 14/2, às 2h. 
 
  

Para sintonizar o SescTV:
Canal 128, da Oi TV 
Ou consulte sua operadora
Assista também online em sesctv.org.br/ao vivo
Siga o SescTV no twitter: http://twitter.com/sesctv 
E no facebook: https: facebook.com/sesctv


Comentários

Parabéns pelo documentário. Já tive a oportunidade de assistir um Grupo Folclórico que trouxe aqui em Olimpia, este belo espetáculo.Compartilho o link com amigos muito interessados neste tema.Sucesso!!!

Postagens mais visitadas deste blog

Poema da Maturidade

Por Luiz Augusto Ser poeta! É ser romântico. É ser lírico. É estado de espírito. É versificar! É deixar sua alma falar através de um simples olhar. É aprender as lições ensinadas pela vida, repleta de emoções. É a Deus agradecer; pois é Ele que inspira ao poeta a escrever. Ser poeta é no firmamento encontrar a constelação da virtude na galáxia da plenitude, que ofusca a falsidade para a realidade brilhar. Que nubla a violência e faz a existência reinar. É projetar no horizonte da liberdade a igualdade com a luz da fraternidade. É refletir na pujante mocidade centelhas de tenacidade e lampejos de prosperidade. É, com bondade no coração praticar e ensinar a perdoar, gerando espaços para o amor habitar. É reluzir com altruísmo e aos idosos acariciar para que, radiantes de alegria, cheguem a sorrir...chorar... É faze-los enxergar que as rugas esculpidas e delineadas pelo tempo; que os cabelos brancos ou cinzentos não retratam o envelhecimento. Sim; maior discernimento. É com maestri...

Felicidade Crônica

Fernanda Santiago O que amo em Martha Medeiros é a maneira de transformar quase todas as suas vivências em crônicas. Ganhei o livro Felicidade Crônica logo no início do ano, um presente da minha mãe. É aquele estilo de livro para ler após o café da tarde exatamente para relaxar e renovar as ideias. Neste livro, a autora apresenta 101 crônicas e os assuntos são separados por essas categorias: Curtir a vida, Amor-próprio, Família e outros afetos, Viagens e Andanças. A maioria das crônicas foram também publicadas em outros livros da sua autoria como: Topless, Trem Bala, Non-stop, Doidas e Santas, Feliz por Nada e entre outros, principalmente o livro “Divã”, que foi adaptado ao cinema. Então, por essas razões vale à pena a leitura, pois são situações que nós também vivemos. Veja abaixo alguns trechos: Não tem como não se apaixonar e se ver em alguma de suas histórias. Dedico a leitura para quem precisa de renovo. É leve e transforma a alma. Quem não precisa disso nos dia...

O Resgate de Ruby: Uma Lição de Superar Desafios

Fernanda Valente   Ao assistir "O Resgate de Ruby" na Netflix, fui instantaneamente cativada pela história emocionante e inspiradora que se desenrola diante dos meus olhos. O filme, dirigido por Katt Shea, relata a jornada de uma filhotinha agitada que recebe uma segunda chance antes de ser sacrificada, e sua transformação em uma valiosa integrante da força policial. A narrativa vai muito além de uma simples história sobre um cachorro, e toca em temas como superação, compaixão e o poder do apoio mútuo. Logo no início, percebi a conexão entre o policial Daniel e Ruby, a filhotinha em questão. Enquanto assistia, não pude deixar de notar as semelhanças entre o comportamento agitado de Ruby e as características de Daniel, que me levaram a perceber que ambos podem apresentar sinais de ansiedade ou TDAH. Essa percepção me fez enxergar a história sob uma nova luz, destacando a importância de compreender e acolher as diferenças, tanto nos seres humanos quanto nos animais....