Conhecida como aneurisma de aorta, essa doença é caracterizada justamente pelo enfraquecimento e alargamento das paredes das artérias, permitindo que aconteçam acúmulos na região. Além disso, o evento mais complexo dessa condição é a ruptura da artéria afetada, causando uma hemorragia interna. Nesses casos, a taxa de mortalidade pode chegar a 97%.
Abaixo, o médico especializado em cirurgia vascular do Hospital Nove de Julho, Dr. Carlos André Vieira, responde cinco perguntas sobre o aneurisma de aorta. Confira:
- Qual é a idade mais comum para o aneurisma de aorta aparecer?
R: Essa enfermidade atinge, principalmente, homens acima de 65 anos que fumam. A condição é relativamente frequente em adultos com idade superior a 50 anos, sendo uma estimativa de 4 a 7% no sexo masculino, e 1 no feminino.
Vale ressaltar que o aneurisma de aorta é a 10ª causa de mortalidade em homens acima de 55 anos.
- Em quais regiões do corpo é possível encontrar essa doença?
R: O aneurisma de aorta é definido de acordo com a localização dele no corpo, se dividindo entre a região abdominal e torácica. Os casos da condição afeta mais a área abdominal, do que o tórax, embora as chances de ruptura do segundo tipo sejam maiores.
As duas categorias apresentam diferentes formações. Desta forma, elas mostram distinções estruturais em sua parede, no qual acredita-se que seja uma das causas da maior incidência de aneurismas abdominais. Já os aneurismas de aorta torácica são menos comuns, porém, costumam ser identificados acidentalmente na realização de exames, como: radiografia ou tomografia de tórax.
- Como é o tratamento dessa enfermidade?
R: Na maioria das vezes, como se trata de uma condição assintomática, é essencial que o diagnóstico seja facilitado para que haja uma forma prática de identificar a doença. Porém, nos dias de hoje, em que a medicina baseada em evidência entrou em destaque, ainda não se tem uma resposta precisa de como rastrear essa doença de forma prática na população.
Um estudo publicado pelo The Journal Of Vascular Surgery, diz que existe uma recomendação para diminuir a taxa de mortalidade da doença. Trata-se da realização de uma ultrassonografia abdominal, ao menos uma vez na vida, por homens acima de 65 anos. Com esse exame é possível checar se ocorreu alguma alteração nas paredes da artéria.
- Quais são os principais riscos do aneurisma de aorta?
R: Um dos riscos mais comuns do aneurisma de aorta é o tabagismo, somado a hipertensão, insuficiência renal, aterosclerose, doenças congênitas do tecido conjuntivo como Síndrome de Marfan, alguns tipos de infeção (aneurismas micóticos) e enfermidades inflamatórias nas paredes dos vasos sanguíneos. É preciso alertar que homens acima de 80 anos são os mais vulneráveis.
O tabagismo é o principal fator de risco associado à formação do aneurisma da aorta abdominal. Embora as pessoas fiquem anos sem fumar, existem efeitos que permanecem no corpo por muitos anos e continuam fazendo com que a artéria enfraqueça. Vários estudos inferem que alguma infecção viral ou bacteriana possa ser o gatilho para o início da doença.
Nesta condição, o maior risco é a ruptura, porém, existem outras preocupações também. Como se trata de uma dilatação na artéria, acontece uma mudança na velocidade e direcionamento do fluxo sanguíneo, fazendo com que, frequentemente
tenha trombos nas paredes arteriais, que podem obstruir a passagem do sangue. Estes são conhecidos como tromboses arteriais, causando dor aguda na região e até casos de amputação.
Por último, outro ponto importante, é como definir a probabilidade de acontecer uma ruptura na artéria. Ela está diretamente relacionada com o seu tamanho, aqueles com menos de 5 cm têm chance menor que 1%, enquanto aqueles com seis centímetros apresentam chance de cerca de 10% de romper o vaso sanguíneo a cada ano. Diâmetros maiores aumentam muito mais essa probabilidade.
- Quanto aos tratamentos, quais são eles e como podem ser realizados?
R: O tratamento é realizado principalmente por meio de cirurgias que desviam o fluxo sanguíneo das artérias dilatadas , sem a necessidade de cortes e de forma indolor. Hoje, com a tecnologia e a presença de dispositivos cada vez mais adaptados à anatomia de cada paciente, é possível observar que a taxa de mortalidade operatória não ultrapassa 0,5%. Assim, os riscos de não fazer a cirurgia são muito maiores.
Nem todos os aneurismas devem ser operados, porque não são todos que apresentam risco de romper. É importante considerar o tamanho e a presença ou não de sintomas. Os pacientes com a doença devem ficar atentos para corrigir fatores de risco e acompanhar o crescimento com exames de imagem como ultrassonografia ou tomografia.
A operação não deve ser considerada cura da doença, mas sim de controle, pois pode haver casos de progressão, principalmente para aqueles que não mudaram o estilo de vida. O tratamento reduz drasticamente o risco de ruptura, mas, não necessariamente, o elimina.
Dr. Carlos André Vieira, médico especializado em cirurgia vascular do Hospital Nove de Julho
Fonte: Assessoria
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