Pular para o conteúdo principal

Dia Mundial da Conscientização do Autismo: Livros Essenciais nas Bibliotecas de São Paulo

Rita - uma série para todo professor assistir

Por Fernanda Valente



Rita é uma série dinamarquesa disponível na Netflix em quatro temporadas. A primeira temporada é praticamente toda sobre a professora Rita, uma pessoa teimosa, desbocada, independente, mãe de três filhos. Todas suas atitudes são muitas vezes repreendidas, mas o que ela mostra é uma relação aberta a tudo. Ela ouve. Percebe os sentimentos dos outros, entre alunos e colegas de escola e coloca os pais sempre como responsáveis sobre a educação ou comportamento de algum aluno. Sua percepção e maneira de resolver conflitos é de dar inveja. 
A partir da segunda temporada o contexto escolar é visualizado de uma melhor perspectiva. Os brasileiros tem a mania de falar e escrever o tempo todo que temos que seguir o exemplo de educação da Dinamarca. Não foi o que vi como exemplo, pois a série mostra como funciona a educação das escolas públicas de lá. Na Dinamarca também há diferenças sociais, práticas de bullying, preconceitos e corrupção. 

A terceira temporada foi a que mais me chamou atenção pois fala sobre a inclusão de crianças e adolescentes que apresentam condições psicológicas prejudicadas seja no comportamento, através de algum transtorno ou até mesmo de não conseguir acompanhar a grade curricular e exames aos quais são preparados. Nota-se aí um choque. Muitos acham que isso é discutido só no Brasil. Uma das minhas percepções foi também a presença do uso de drogas, os personagens que representam essa discussão tem características latina, mostrando o tanto de preconceito que existe sobre a presença dos imigrantes no país. Em reuniões, muitos pais não concordam com a inclusão porque acham que atrapalha o desenvolvimento dos seus filhos completamente "normais". Não parece muito diferente do que acontece por aqui, não é mesmo? 
Eu amei a série por ter colocado todos esses assuntos em evidência e Rita é a personagem ideal para representar o papel, pois coloca em reflexão toda a mudança cultural e tecnológica a qual estamos inseridos, sem contar que ela representa a mulher que ninguém quer enxergar. Ela gosta de sexo e transa com quem quer. Propositalmente penso que é um tapa na cara dos homens que sempre fizeram esse papel: mandar nos instintos e conduzir. 

No entanto, assistir Rita é colocar o professor para refletir sobre a sociedade, o comportamento dos pais dos alunos, as origens, sobre a inclusão e a aceitação daqueles que não agem e se comportam como a gente, sobre o feminismo, o homossexualismo, o complexo de inferioridade e superioridade, o caráter. Nos colocando para pensar que não é só o Brasil que está passando por transições, mas sim o mundo. 
Eu não quis dar nenhum spoilers sobre os personagens pois toda a série é envolvente e trás questões sobre as mudanças de comportamento. Penso que a palavra respeito e transparência ficou bem clara para mim nessa série. Por isso, assista. Se possível, faça anotações e tente refletir sobre tudo o que você vive atualmente na sua escola, seja pública ou particular. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

O Resgate de Ruby: Uma Lição de Superar Desafios

Fernanda Valente   Ao assistir "O Resgate de Ruby" na Netflix, fui instantaneamente cativada pela história emocionante e inspiradora que se desenrola diante dos meus olhos. O filme, dirigido por Katt Shea, relata a jornada de uma filhotinha agitada que recebe uma segunda chance antes de ser sacrificada, e sua transformação em uma valiosa integrante da força policial. A narrativa vai muito além de uma simples história sobre um cachorro, e toca em temas como superação, compaixão e o poder do apoio mútuo. Logo no início, percebi a conexão entre o policial Daniel e Ruby, a filhotinha em questão. Enquanto assistia, não pude deixar de notar as semelhanças entre o comportamento agitado de Ruby e as características de Daniel, que me levaram a perceber que ambos podem apresentar sinais de ansiedade ou TDAH. Essa percepção me fez enxergar a história sob uma nova luz, destacando a importância de compreender e acolher as diferenças, tanto nos seres humanos quanto nos animais....

BE HAPPY

Por Caroline Trevisan O que é felicidade para você? Essa pergunta pode até parecer meio clichê ou uma cópia daquela música “o que faz você feliz”, mas em uma era de muito stress e ansiedade temos sempre que evitar perdê-la. Há várias possibilidades: estar com a família e amigos, praticar um esporte ou alguma atividade da qual gostamos, estar em algum lugar prazeroso, enfim. Costumo dizer que existem combustíveis de felicidade presentes nos pequenos detalhes do nosso dia-a-dia, como um bom dia de alguém especial, no elogio recebido ao sair na rua, nas palavras de carinho que ouvimos, ao sermos convidados para sair e se divertir com os amigos. Estes precisam ser cultivados. Já ouviu falar que amigo é coisa para se guardar? Então, eles preenchem a nossa vida e nos incentivam a viver, a ser feliz, a realizar sonhos e o melhor tornam tudo único vivendo apenas com aquele determinado amigo. Rir abobadamente, pagar mico, ficar perdido no caminho porque ficou conversando, falar horas ...

Resenha: Contos de enganar a morte , de Ricardo Azevedo, 1ª edição - 2003.

Por Thiago Grass Pode-se dizer que o folclore é uma força em constante movimento, uma fala, um símbolo, uma linguagem que o uso torna coletiva. Por meio dele, as pessoas dizem e querem dizer. E a dica de leitura bebe justamente dessa fonte da cultura popular. No livro “Contos de enganar a morte”, o escritor Ricardo Azevedo explora esse tema tão delicado de forma leve e criativa. O próprio autor menciona na obra: Trata-se de um grave erro considerar a morte um assunto proibido ou inadequado para crianças. Heróis nacionais como Ayrton Senna, presidentes da república e políticos importantes, artistas populares, parentes, amigos, vizinhos e até animais domésticos infelizmente podem morrer e morrem mesmo. A morte é indisfarçável, implacável e faz parte da vida (AZEVEDO, 2003, p.58). Portanto, o livro reúne quatro narrativas sobre a “hora de abotoar o paletó”, “entregar a rapadura”, “bater as botas”, “esticar as canelas”. Nesses contos, os personagens se defrontam com a m...