Pular para o conteúdo principal

Dia Mundial da Conscientização do Autismo: Livros Essenciais nas Bibliotecas de São Paulo

Aplique a literatura africana para barrar os estigmas sustentados pela abolição


Por Thiago Grass

Mais um 13 de Maio está chegando e cada vez mais é necessário fugir dos estereótipos, dos livros didáticos e das atividades que vitimizam a figura do escravo, ou, como prefiro colocar, do escravizado. Tratar o escravo (ou escravizado) como um ser passivo que se libertou apenas por causa dos heróis brancos bondosos é um erro maior ainda.
Eles lutaram. E lutaram muito, pagando um preço de sangue para conseguir a liberdade. Mas como trabalhar essa temática na data histórica da sua libertação? Um caminho possível é a valorização da cultura e do folclore oral dos povos africanos por meio da literatura infantil.
A literatura infantil é uma arte capaz de mostrar coisas sensíveis, inteligentes e belas. E pode ajudar o professor que quer abordar a temática africana de um jeito diferente. Existem inúmeras histórias que contemplam as diversas culturas presentes nos países africanos, porque a África não é um país único, ela abriga nela uma infinidade de povos diferentes, cada um com suas peculiaridades.
Deixarei aqui duas sugestões: a primeira é o livro “Os sete novelos – um conto de Kwanzaa”, da autora Angela Shelf e publicado pela Cosac Naify. Na história, que se passa em Gana, um senhor vivia com os seus sete filhos. Depois da morte da esposa o velho homem tornou-se pai e mãe dos garotos. No entanto, ele vivia se decepcionando com eles porque do nascer do sol até o a alta noite eles viviam brigando.
Eles discutiam por tudo, sobre as plantações, sobre o clima e até por comida na mesa do jantar. Até o dia em que o pai deles morreu, deixando apenas um novelo de lã para cada um dos filhos. Para ter direito à herança, eles precisavam transformar aqueles novelos em ouro. Ou seja, precisariam parar de brigar entre si e pensar em como fariam aquilo. Não contarei o final dessa história, é claro, mas diante da dificuldade a união torna o feixe de galhos inquebrável (provérbio africano).
A segunda sugestão, “O príncipe corajoso e outras histórias da Etiópia”, da autora Praline Gay-Para, lançado pela editora Comboio de Corda, traz três contos. O grande destaque é a história de Shi-guday, o príncipe corajoso que de corajoso só tem a fama mesmo. Com medo até de barata, torna-se um famoso caçador de leões e amedrontador de exércitos, ganhando fama entre os reinos africanos.
Durante a narrativa, é possível perceber elementos da oralidade africana, os costumes entre outras coisas que podem ser trabalhados com os alunos. É um conto de aventura que certamente arrancará muitas risadas. Bem mais rica e proveitosa do que as atividades estereotipadas de alguns livros didáticos.

Imagens retiradas do site da editora Saraiva: www.saraiva.com.br

Formado em Comunicação Social, Biblioteconomia e Pedagogia, com especialização em Alfabetização e Letramento, mestrando em Educação com foco de pesquisa na formação do leitor e biblioteca escolar. Contador de causos, arte-educador, folclorista, professor universitário, duas vezes ganhador do Prêmio Educador Santista com projetos de incentivo à leitura entre as crianças.



Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Rainha frutífera

Uma homenagem especial de Luiz, a sua eterna esposa Vera, a rainha do lar, dos corações e frutífera musa de poesias, canções e emoções, entre filhos e suas gerações:  Vieste a este mundo  Em missão especial  Realizar abençoada  A incumbência divinal. Ligação umbilical faz a União maternal com  Corações ritmados por  Intervalos musicais, entoarem  A cantiga da vida, com batimentos naturais. Fazendo em um ambiente tranquilo  Executar milagrosamente  Repetidas notas divinais  Retiradas das partituras angelicais que  Estimulam com a arte musical, reger com  Intensa maestria a multiplicação que  Reforça o propósito celestial, enquanto  Aguarda-se o momento ideal. Depois de nove meses  Abre-se a cortina transparente!  Surge, surpreendentemente, um  Inocente ser inteligente!  Lindo! Atraente!  Que vem do seu âmago! O Amor em forma de gente....

Fixação de Luka: Um stop motion sobre autismo baseado em fatos reais

Créditos: facebook.com/FixingLuka Fernanda Santiago Fixação de Luka: Este é um Curta metragem maravilhoso sobre o autismo. É um stop-motion inspirado nas experiências de Jessica Ashman, que tem um irmão mais novo autista. Ela conta a história baseada em sua infância, da maneira que ela enxergava o seu irmãozinho mais novo. Na história desenvolvida por ela, Lucy a representa, e Luka, faz o papel do seu irmãozinho. Luka é um menininho todo meticuloso. Na estante, patos de borracha são alinhados perfeitamente em uma fileira, mil selos estão presos a uma parede do quarto. Além disso, tem uma mania obsessiva em montar pirâmides de dados. Estas são apenas algumas das manias de Luka, e num diário, Lucy anota todo o desempenho do irmão. Ela acha que Luka precisa de conserto, pois toda vez que ela tenta se relacionar com ele, tentando mexer em sua rotina repetitiva, ele desmorona. Numa noite, se sentindo maltratada por suas rejeições, Lucy perde a paciência e foge. Tropeçando na f...

Saúde como Direito: onde estamos agora?

compre aqui Por Marcelo Henrique Silva Divulgação/ Assessoria de Comunicação   A saúde é um dos pilares fundamentais da vida humana e desempenha um papel crucial em nosso bem-estar geral. Por séculos, o Brasil tem buscado soluções para suas profundas desigualdades sociais e dificuldades no acesso aos serviços médicos básicos. E pensar em soluções para esses problemas significa pensar em duas questões fundamentais: no conceito próprio de saúde e na sua visão como direito fundamental. Para responder a primeira pergunta, devemos primeiro voltar no tempo. “Ser saudável é não estar doente”. Durante gerações, foi com essa maneira simplista que se pensaram as políticas sanitárias mundo afora. Especialmente no âmbito da classe trabalhadora, onde o interesse maior era das empresas, já que funcionário doente significava funcionário afastado das atividades laborais. Pensando nisso, as primeiras políticas de garantia ao acesso à saúde contemplavam apenas empregados formai...