Fernanda Valente
Há uns três anos, num grupo de colegas, conheci um rapaz chamado Rodrigo. Não tive nenhuma amizade profunda com ele, mas o semblante dele apresentava uma tristeza. Uma vez, ele deixou uma declaração no Facebook de que iria se matar. Aquilo me chamou a atenção e cheguei a perguntar se ele gostaria de conversar, o que tinha acontecido, que ele é importante... acredito que a minha atitude naquele momento o aliviou. Porém, sem conhecimento profundo sobre a pessoa, não dava para acompanhar no dia a dia. Lembro que passei a situação para amigos íntimos dele e a resposta foi: “Ah, ele sempre faz isso”, “Quer chamar atenção”...
Meses depois este rapaz cometeu suicídio e a falta de conhecimento sobre o assunto faz isso acontecer todos os dias. Com base em estatísticas de 2019, feita pela OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de 800 mil pessoas se suicidam anualmente em todo o mundo, sendo o equivalente a uma morte por suicídio a cada 40 segundos.
O Setembro amarelo é um movimento mundial para alertar sobre o suicídio, porém, é um assunto que deve ser falado todos os dias. Hoje, quem dá algumas dicas é a Psiquiatra e Psicoterapeuta Junguiana, Aline Machado de Oliveira.
“Precisamos falar sobre o suicídio sempre, não apenas durante a campanha do Setembro Amarelo. O ano inteiro muitos de nós pensarão em suicídio, outros tantos o tentarão e é preciso que todos nós, enquanto sociedade, estejamos preparados para acolher e amparar aqueles que sofrem”.
O que é preciso, afinal, para ajudar uma pessoa que está passando por depressão e declarando que vai tirar a própria vida? A Doutora Aline explica que há algumas inverdades sobre a questão do suicídio e existe até um certo preconceito, principalmente quando começa-se a falar que tal pessoa “se suicidou porque era covarde” ou “se matou porque não tinha nada na cabeça”, ou coisas do tipo, assim como os sinais que a pessoa dá. É preciso conscientização e prevenção, alerta a Dra. Aline Machado Oliveira, “É muito comum em nossas relações de amizade, de trabalho ou mesmo no meio da família, nos depararmos com uma vítima de suicídio; quando alguém pensa em suicídio, na verdade, a pessoa quer matar a dor que está dentro dela, e não necessariamente a vida.”
A dica da doutora neste caso é sempre buscar ajuda profissional. Ela explica ainda que é necessário ouvir a pessoa com atenção, acolher e não julgar. “Jamais apresentar soluções ao deprimido, pois o que ele mais quer é ser ouvido e sentir-se compreendido e não julgado”, fala. Das atividades que podemos fazer com um deprimido é convidá-lo para uma caminhada, andar de bicicleta, cozinhar, assistir um filme. “Talvez, a pessoa não consiga fazer nenhuma dessas atividades. Por isso, deixe-a livre para decidir e não a pressione”, acrescenta.
Ela alerta também que é necessário também respeitar a escolha da pessoa ficar sozinha e jamais força-la a executar uma atividade. Melhor do que palavras é sempre mostrar que a presença dela é importante e desejada. Além disso, precisamos nos mostrar empáticos com quem sofre, disponível para a escuta e permanecer junto no momento de buscar uma ajuda profissional.
ONDE PROCURAR AJUDA:
#Pelo SUS:nos CAPS (Centro de Atenção psicossocial) e nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde).
#Por convênios ou particular:nos consultórios ou clínicas de médicos psiquiatras e psicólogos.
#Se for urgente:UPAs (Unidades de Pronto Atendimento ) ou nas Emergências Hospitalares.
#Fale com alguém agora mesmo: CVV (Centro de Valorização da Vida):188.
Conheça a Doutora e suas páginas:
Dra Aline Machado Oliveira é médica psiquiatra e especialista em Psicologia Clínica Junguiana e Analista Junguiana em formação pelo Instituo Junguiano do Rio Grande do Sul. Membro da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul e da Associação Brasileira de Psiquiatria,e atua há mais de 9 anos com psiquiatria clínica e psicoterapia.
Atendimentos presenciais na cidade de Lajeado -RS. Online para todo o Brasil.
www.psiquiatralineoliveira.com
instagram: @fala_psiquiatra
Youtube: https://www.youtube.com/falapsiquiatratv
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