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Fernanda Valente
Com a chegada do Janeiro Branco, mês dedicado à conscientização da saúde mental, a psicóloga Wanessa Rios enfatiza a importância do autoconhecimento e da aceitação das diferenças como meio de promover uma convivência mais harmoniosa, especialmente no contexto atual em que os crimes de discurso de ódio pela internet atingiram um pico alarmante.
Imagem: Freepik
Dados divulgados pela Safernet mostram que, em 2022, foram registradas mais de 74 mil denúncias de crimes cibernéticos relacionados ao discurso de ódio, um aumento de 67,7% em comparação com o ano anterior. Esse crescimento reflete uma tensão crescente na sociedade brasileira, onde a polarização e a intolerância se intensificam, levando a conflitos e desrespeito mútuo.
Wanessa Rios, psicóloga do Órion Complex em Goiânia, destaca o julgamento como raiz do problema: "Incomodar-se com as diferenças fala mais a respeito do incomodado do que a história de alguém. Deve-se praticar a racionalização de que a sua opinião não invalida a do outro, pergunte-se por que se incomoda tanto com o diferente".A psicóloga Wanessa Rios explica que quando a diferença não é encarada como oportunidade surgem os conflitos
Imagem: Arquivo Pessoal
A especialista ressalta que aceitar as diferenças não implica concordar com elas, mas compreender que elas existem e são imutáveis pela mera opinião individual. "Seja realista entre querer ter paz interior ou razão desenfreada", aconselha Rios, apontando que o desejo de impor opiniões muitas vezes leva à perda da razão e da tolerância.
No ambiente das redes sociais, a situação é ainda mais delicada. Rios observa a dificuldade das pessoas em lidar com pontos de vista diferentes e como isso frequentemente evolui para conflitos. Ela sugere a comunicação assertiva, o diálogo e a gestão de frustrações como ferramentas para preservar a saúde mental.
Para debater de forma saudável, a psicóloga recomenda atenção aos gatilhos emocionais e paciência para ouvir e formular pensamentos. "Não se agarre às suas perspectivas. Aceite que talvez precise se acalmar e abandonar o seu ponto para evitar uma cena desagradável".
A flexibilidade emocional é crucial para a saúde mental, e Rios aconselha práticas que promovam o autoconhecimento e o autocontrole. "Comece pelo 'respira, inspira e não pira'. Vá além dos porquês, a começar pelo 'para que isso te serve? Se não te ilumina, elimina!'", orienta.
Para manter o equilíbrio emocional, é essencial reconhecer suas forças e fraquezas, compreender que é normal não estar bem o tempo todo e não concordarcom tudo. "Acredite nas suas capacidades e trabalhe suas dificuldades", salienta Wanessa Rios, incentivando uma maior conscientização sobre a reatividade diante das diferenças. A psicóloga encoraja a prática da empatia, questionando "E se fosse comigo?", e a busca por atividades que promovam uma descarga emocional saudável.
A ênfase é colocada na aprendizagem de filtrar influências externas, ao invés de absorvê-las indiscriminadamente. Rios sugere que insistir no próprio bem-estar, na saúde mental e na qualidade de vida deve ser uma prioridade. "Insista no seu bem-estar, na sua saúde mental e na qualidade de vida, que deve ser prioridade", conclui a especialista.
Enquanto a intolerância e a polarização continuam a desafiar a coesão social, a mensagem do Janeiro Branco e dos profissionais de saúde mental como Wanessa Rios reflete com a necessidade urgente de cultivar o respeito mútuo e a aceitação das diferenças como parte essencial do bem-estar individual e coletivo. Através da reflexão e do diálogo construtivo, podemos todos contribuir para uma sociedade mais harmoniosa e mentalmente saudável.
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