Por Fernanda Valente
Em 1982 foi lançado o livro Complexo de Cinderela da
escritora e jornalista Colette Dowling. A partir de 1950 algumas mulheres
começaram a questionar sobre o seu papel no mundo, pois muitas, abandonadas por
esposos ou na condição de viúvas tiveram que encontrar uma maneira de auto
sustentar suas famílias. No entanto, mesmo conquistando novos espaços e
concluindo cursos superiores, se viam completamente desprotegidas e inseguras
perante à vida.
Todas, independente do grau de instrução viviam em busca de
um príncipe encantado, acreditando na ideia que eles as salvariam de toda
insegurança e medo de ter o próprio controle da vida. No livro, a autora cita
as suas próprias experiências, anexando entrevistas com outras mulheres,
psiquiatras e cientistas.
"Lá estava ele, o Complexo de Cinderela. Antigamente ele atacava meninas de dezesseis ou dezessete anos, impedindo-as muitas vezes de cursar uma faculdade e empurrando-as para o casamento. Agora ele tende a atacar mulheres já com curso superior, após terem experimentado o gosto do mundo. Quando as primeiras sensações inebriantes de liberdade se dissolvem e a ansiedade toma-lhes o lugar, as mulheres começam a ser incomodadas pelo velho anseio de segurança: o desejo de ser salvas." (Pág. 61)
Neste período de mudanças e busca de autonomia feminina,
muitas mulheres já enfrentavam a ansiedade e o pânico, que era o medo de
encarar a responsabilidade de suas próprias vidas. Essas mulheres, quando enfim, chegavam ao cargo de liderança ou obtinham alguma promoção profissional, facilmente entravam em pânico e abriam mão desses passos para se tornarem mães.

Vamos aplicar isso a vida atual? Já estamos vivendo um novo
milênio há quase 20 anos. Vemos mulheres assumindo cargos que eram ocupados
apenas por homens. Mesmo conquistando o seu lugar profissional, muitas ainda se
sentem ou vivem ansiosas. Elas se veem prestando vários papéis: são esposas,
donas de casa, mães, chefes nas empresas que trabalham ou até mesmo
empreendedoras. Há 40 anos, Dowling escreveu que essas mulheres querem relaxar
e não assumir toda a responsabilidade sozinhas.
Durante sua pesquisa, 42% das mulheres que trabalhavam
estavam nos postos de chefes de família. As que tinham condições de estudar,
chegando até a pós graduação, mestrado e doutorado acabavam abandonando suas funções
para cuidar da família. Atualmente o quadro de mulheres que são chefes de
família aumentou. Elas estão cada vez assumindo o seu lugar, mas a sensação de
dependência ainda lhes perseguem. Por que as mulheres assumem cada vez mais o
papel de provedoras?
A partir deste momento colocarei a minha reflexão. Embora o
livro tenha sido escrito há quase quatro décadas, as mulheres pós modernas
ainda enfrentam barreiras, tendo muitas vezes que abandonar suas funções
profissionais. Elas ganham menos porque separam tempo para cuidar de suas
famílias. As meninas jovens da minha atualidade, com menos de 30 anos, já não
são tão inseguras quando o assunto é carreira. Algumas estão se jogando no
mundo e assumindo cargos de liderança em muitas empresas, viajando e sem a
escolha de formar uma família no momento.
Nossa cultura, principalmente a cristã, sempre ensinou a
mulher a ser a cuidadora da família. Fomos criadas para casar, ter filhos,
mesmo estudando e conquistando uma profissão. Até hoje não sei explicar se sou
uma boa dona de casa, pois minha mente sempre está focada em trabalhos profissionais
e estudos. Porém, penso que executo muito bem o meu papel de mãe. Depois que me
tornei mãe fiquei mais concentrada em algumas tarefas de casa que eu não me
importava tanto. Acabei me identificando muito com a autora em alguns pontos de
sua visão e história. Ela se casou duas vezes. No seu primeiro casamento acabou
se tornando a provedora do lar, pois seu companheiro tinha desenvolvido transtornos mentais. Trabalhava como repórter, cuidava dos três filhos,
pagava o aluguel. Tinha uma vida independente. Seu marido acabou falecendo de
úlcera, devido aos inúmeros remédios psiquiátricos.
Em sua segunda relação combinou uma divisão de contas e
tarefas com o parceiro. Mudou-se para a casa dele e se livrou do aluguel. Só
que aos poucos foi se acomodando com as tarefas domésticas. Ele provia a sua
vida e a dos filhos dela. Só que este não tinha sido o combinado. Num certo
momento, ele a questionou: Cadê aquela mulher dona de si? Neste momento ela foi
afetada. O seu consciente se sentia seguro e protegido. Isso é o Complexo de
Cinderela que ela relata. Nós mulheres queremos ser salvas pelo príncipe. Somos
de alguma maneira dependentes.
Antes de ler o livro, já tinha feito essas questões para
mim. Eu também estou num segundo casamento, mas olhava o papel do homem sendo o
mais importante e sinceramente não sei porque tinha uma visão assim. O meu
interior sempre clamou em construir uma família, embora eu também goste de
trabalhar e estudar. Lembro que o meu primeiro casamento foi construído com
muita afinidade, paixão e interesses em comum. Reconheço que casamos muito cedo
perto das escolhas que as pessoas fazem hoje, aos 23 anos. Ele tinha acabado de
se formar e não estava exercendo a sua profissão. Nós dois tínhamos escolhido o
jornalismo. Eu tinha conseguido trabalhar na área, porém, ganhando pouco.
Sempre gostei dos meus trabalhos, mas não gostava da remuneração. A falta de
dinheiro me frustrava. A ele, creio que frustrava mais ainda. Ele não estava
satisfeito com a vida profissional dele. Aos 29 anos não tinha conquistado a
carreira do sonho dele e nós dois estávamos presos no aluguel. A minha vontade
era que ele se destacasse profissionalmente, na época, lembro que gravamos
vídeos para ele enviar para algumas emissoras, mas nada deu certo por aqui.
Lembro também que eu tinha um comportamento de não deixá-lo desistir, pois ele
queria abandonar a faculdade. Sei lá, eu era aquela que dividia o pouco ou nada
que tinha.
Porém, o momento mais frustrante em toda a minha vida foi
quando ele começou a me trair e a revelar isso pra mim, dizendo que não me
amava mais. Sim, eu tinha o Complexo de Cinderela, ou ainda tenho, não sei.
Nossa história acabou me deixando em dúvidas sobre tudo. E naquele momento
prometi pra mim que não dividiria o pouco que eu tinha com mais ninguém. Mero
engano.
Quase um após o divórcio, conheci o meu atual esposo. Neste
período eu voltei a estudar e fazer planos de futuro profissionais. Comecei a
trabalhar numa emissora de TV apenas por contrato e neste período fiquei
grávida. Quando me vi já estava cuidando de casa e de um bebê. Fiquei dois anos
em total dependência do meu esposo. Quando coloquei o meu filho na escola é que
comecei a trabalhar novamente, mas executando trabalhos free lancer. Comecei a
prestar serviços para algumas empresas e isso possibilitou eu estudar uma pós
graduação. Amo estudar. Amo trabalhar. E hoje, a missão de um casal é dividir
tarefas. Sou grata a Deus por ele dividir muitas funções comigo e também ficar
com o nosso filho quando preciso estudar e comparecer em algum evento ou
palestra. O calo dele aperta apenas quando falo que fora da cidade de Santos há
mais oportunidades de trabalho. Acho que já abri mão de umas três. Pode ser o
medo de me tornar totalmente independente? Penso que sim.
O comportamento dos nossos pais, familiares refletem muito
em nossa vida. Quando eu tinha uns 20 anos pensava em sair da minha cidade para
uma oportunidade de estudo. Lembro que a minha mãe ficou com medo de eu não
querer construir uma família. Ela ficou viúva muito jovem e hoje noto o quanto
ela necessitava ser dependente de alguém. Ela até tentou refazer a sua vida com
alguém, mas não deu certo. A mulher com o Complexo de Cinderela idealiza
demais o príncipe encantado.
Eu sou cristã, mas depois das experiências que tive como
mulher, prefiro que essa minha busca por segurança seja em Deus. Homem nenhum
nos dá essa segurança. Eles podem nos limitar, nos abandonar, nos trair, nos
violentar... Não é à toa que as mulheres mudaram o comportamento. Até mesmo nas
igrejas podemos ver homens que não cumprem o papel para que foram criados.
Culpa da mulher? Não, não e não!
Acho difícil enxergar as mulheres sem seus príncipes, uma
relação totalmente independente como a autora tenta impor é reflexo das suas
experiências, talvez a traumática tenha sido com o primeiro marido que ela teve
que cuidar. Ela não experimentou aquele papel do homem provedor que existia em
sua época. Quis experimentar isso na sua segunda relação. Porém, se viu com um
homem que enxergava as características interessantes de independência que ela possuía.
Ele não queria uma dona de casa. Sim, os homens mais interessantes não querem
donas de casa, e sim, companheiras amigas.
O machismo ainda está impregnado em nossa cultura, mas não
vejo as moças que tem menos de 30 anos carregando insegurança. Elas estão
conquistando sua independência, algumas até provendo a vida do esposo. Isso é
certo ou errado? É certo desde que cada um seja feliz executando o que escolheu
para ser ou fazer. Enfim, creio que um depende um do outro. Alguns querem ser
príncipes, outras querem ser princesas. Que possamos deixar claro isso. Outro
ponto de vista interessante é que as mulheres mais independentes que conheci,
começaram a dar prioridade para a família a partir do momento que se tornaram
mães. Elas conseguem retornar ao trabalho quando os filhos crescem. Não há nada
tão especial quanto a ser mãe. Não há nada de errado os homens ficarem com seus
filhos para que as mulheres realizem seus sonhos profissionais. São escolhas
que podem muito bem ser divididas... como cristã, ninguém foi feito para ficar
sozinho. Família é muito bom e não há nada mais livre do que guiar um volante.
Mulheres
Vocês são seres com grandes virtudes.
Com essências meritórias.
Desde os primórdios da humanidade destacam-se por suas
histórias.
Começo por Nossa Senhora-Maria mãe de Jesus,
companhia do seu filho,
do berçário ao calvário,
até suspirar à cruz.
Mulher cristã:
Seu amor é santuário.
Desde lá, vocês mulheres são celeiros do amor
Verdadeiros Altares!
Há algum tempo, eram as "Amélias",
chamadas mulheres verdades.
Na atualidade,
não tão mais conservadoras;
além dos afazeres triviais;
complementam as rendas familiares,
contribuindo com os pais,
gerando maior tranquilidade e paz nos lares.
Além de protetoras são provedoras.
Mulheres!
Vocês reinam;
não pelo uso das coroas.
Sim, por terem a força...
A força das leoas.
Feliz Dia da Mulher!
Esteios de honra e de fé!
08/03/2018
Luiz Augusto da Silva
Olímpia - São Paulo
Comentários
O escrito feito por ela,todos estão gostando muito.
Boa noite!
Bjs♡