Fernanda Valente
Em uma era dominada por notificações incessantes e a constante necessidade de estar conectado, uma escola de São Paulo desafia o status quo com resultados promissores, levantando discussões sobre a possibilidade de uma nova lei que pode afetar todas as escolas do estado.
A Escola Lourenço Castanho, conhecida por seu projeto pedagógico inovador, tomou uma decisão ousada que está dando o que falar: a proibição do uso de celulares em suas dependências. Os celulares, que se tornaram quase uma extensão física de nossos corpos - especialmente para os mais jovens - foram banidos das mãos dos estudantes durante o horário escolar.
Daniela Coccaro, diretora do Ensino Médio da instituição, compartilha que a medida foi recebida com surpreendente aceitação pelos alunos. A decisão não foi tomada à leve, mas sim após uma série de discussões com a comunidade escolar, incluindo suporte de psicólogos e especialistas em educação.
O que começou como uma iniciativa isolada pode, em breve, transformar-se em um movimento estadual. A Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) está diante de um projeto de lei que visa estender a proibição do uso de celulares a todas as escolas públicas e privadas do estado. A deputada estadual Marina Helou (Rede) é a voz por trás da proposta, que busca não apenas melhorar a atenção em sala de aula, mas também fortalecer as relações interpessoais que foram diluídas pelo uso excessivo de dispositivos móveis.
Na Escola Lourenço Castanho, o impacto da proibição é palpável. A escola observou um aumento nas interações face a face e no engajamento dos alunos em atividades promovidas para substituir os momentos antes ocupados pelos smartphones. Oficinas de trabalho manual e criatividade agora preenchem o intervalo, incentivando os alunos a se desconectarem do mundo virtual e a se reconectarem com o mundo real e com seus colegas.
A implementação de tal medida requer o apoio da comunidade escolar, em especial das famílias. Daniela enfatiza a importância da colaboração dos pais, que devem reforçar em casa os limites e argumentos discutidos na escola.
A medida ainda tem um caminho a percorrer antes de se tornar lei, necessitando de aprovação por diversas comissões e, por fim, pelo plenário da Alesp. Mas, se aprovada, poderá representar um marco significativo na educação paulista, levantando questões importantes sobre o papel da tecnologia na aprendizagem e no desenvolvimento social dos jovens.
A Escola Lourenço Castanho nos dá um vislumbre do que pode ser o futuro das salas de aula: um ambiente de aprendizagem onde a atenção não é fragmentada por telas e onde a comunicação humana retoma seu espaço primordial. A proposta, embora controversa para alguns, é um convite à reflexão sobre o equilíbrio entre o mundo digital e o desenvolvimento integral do ser humano no contexto educacional.
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